Há 15 anos, Tim Berners-Lee desenvolvia a primeira página da web, o primeiro servidor da rede e o primeiro navegador - tudo rodando apenas em sua própria máquina no Cern, o centro de pesquisa de física de partículas da Europa. A web era vista como uma boa maneira de compartilhar informações, principalmente acadêmicas. Em 1995, a rede já contava com cerca de 20 milhões de usuários, e era usada para entretenimento e compras. Mas o que realmente mobilizou a atenção mundial foi a oferta pública inicial do Netscape.
A web podia atrair principalmente os fanáticos por tecnologia, mas claramente havia milhões a ganhar. E, é claro, perder. Bem, os investidores de novos empreendimentos e as aquisições corporativas estão de volta. A oferta inicial do Google, no fim do ano passado, mostrou que ainda há milhões a ganhar, e algumas transações espetaculares se seguiram. De fato, a eBay pagar US$ 4 bilhões pela Skype, uma pequena companhia com receitas de apenas US$ 7 milhões, teria causado choque mesmo antes do estouro da bolha pontocom. Grande parte do novo investimento vai para companhias na vanguarda da chamada Web 2.0.
Ninguém sabe ao certo o que isso significa, mas sem dúvida é o rótulo mais chique a ser incluído num site novo e transado ou - mais importante - num pedido de capital de investimento. Mas, antes de investir seu fundo de pensão no futuro da Web 2.0, tenha em mente que ela pode também marcar o início da Bolha 2.0. Os websites podem ser novos, mas, como observa Michael Gartenberg, da Jupiter Research, "os modelos de negócios ainda são construídos à moda antiga".
A história está se repetindo? A Microsoft parece estar tentando. Em 1995, a gigante do software respondeu à ameaça do Netscape anunciando uma reviravolta na internet. Neste mês, ela deu uma resposta similar à ameaça do Google. Bill Gates trocou sua metáfora da "onda devastadora" por uma "transformação profunda", enquanto a Microsoft anunciava novos websites - Windows Live e Office Live - e um interesse crescente por serviços online apoiados por publicidade.
Como em 1995, a Microsoft anunciava coisas que não poderia realizar, mas o lançamento indicou que seus programadores estavam sendo mobilizados para a batalha. No entanto, não pense nem por um segundo que a Microsoft vai parar de licenciar seu software. Todos os seus programas ganharão um componente de serviço online, mas, como diz Gartenberg, "trata-se de ampliar os modelos de aplicativos tradicionais, não de substituí-los por algo novo".
Felizmente, a Microsoft não mencionou a Web 2.0, rótulo criado por Dale Dougherty na OReilly Media para descrever uma nova geração de sites e serviços que usam a rede como plataforma. A idéia foi desenvolvida com mais eficácia pelo fundador da editora, Tim OReilly, que lançou a primeira conferência Web 2.0 em outubro do ano passado. Depois de intensas discussões no FOO Camp, uma conferência só para convidados, OReilly escreveu o documento "O que é a Web 2.0", publicado em 30 de setembro. Ele enumera sete "princípios e práticas" normalmente presentes em sites Web 2.0, começando com "A Web como Plataforma" e terminando com "Experiências Ricas para o Usuário" - e este é o problema. Sites diferentes podem se qualificar oferecendo uma ou mais características da Web 2.0, mas ainda não ter nada em comum. E, como reconhece OReilly, muitos sites Web 1.0 seguiram os mesmos princípios: "O Netscape promoveu um webtop para substituir o desktop e planejou povoá-lo com atualizações e aplicativos de informação trazidos por provedores de informação que comprariam servidores do Netscape". Como resultado, é fácil demais explorar o marketing Web 2.0, com um website qualificado ou não. As informações são de O Estado de S.Paulo.
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